Nota II – Junho de 2011 - http://pedagogiaemluta.blogspot.com
As últimas semanas na UFC foram marcadas por intensos assaltos, os mais notórios ocorreram no bosque da Letras, no Campus do Benfica. No Pici a onda de assaltos é mais antiga e recebeu menos atenção da mídia burguesa por ser um bairro periférico.
O capitalismo gera a criminalidade
É preciso deixar claro que os assaltos no Benfica não refletem apenas o aumento da criminalidade, essa seria uma análise superficial. Se quisermos entender profundamente a questão, devemos entender os assaltos e a criminalidade em geral como produto da precarização das condições de vida do povo (habitação, trabalho, saúde, educação). Essa precarização das condições de vida aumentou nas últimas décadas de neoliberalismo que vivemos no país, onde foram atacados os direitos sociais do povo brasileiro a mando de organismos financeiros internacionais como o FMI, BID e Banco Mundial e executado pelos governos Collor, Itamar, FHC, Lula e agora Dilma, visando a participação do Brasil no processo mundial de acumulação capitalista.
A resposta dos governos municipais e estaduais cearenses foi transformar as questões sociais, como moradia e trabalho, em caso de polícia, achando que iriam resolver nossas mazelas sociais contratando mais policiais, a exemplo da criação do Ronda do Quarteirão, que possui uma atuação preconceituosa nas periferias, espancando o povo pobre e negro.
A política de segregação da Reitoria é um retrocesso para a universidade
O bairro do Benfica possui algumas peculiaridades que merecem destaques. O bairro foi conhecido por sua grande influência cultural, celeiro de grandes artistas cearenses. Músicos, poetas, atores e pintores se encontram (ou se encontravam) no bairro. A prova do potencial cultural do lugar é tal que se articula entre UFC e Governo Estadual a criação de um centro cultural no Benfica.
Entretanto, desde sua posse, a política do reitor Jesualdo Pereira se mostra completamente contraditória. Enquanto se mostra defensor do Centro Cultural do Benfica, Jesualdo ficou conhecido por proibir as calouradas e eventos culturais na Concha Acústica, como a tradicional festa de final de ano “Remember Beatles” que ocorria na Concha a quase vinte anos! E mesmo com a deliberação do Congresso de Estudantes da UFC para que reabrissem os espaços, o reitor manteve a intransigência e os espaços fechados na Universidade. Assim, diminui-se os espaços culturais e de convivência na universidade, vetando ou dificultando a relação da universidade com a comunidade.
Infelizmente a proposta apresentada pela Reitoria vem a desenvolver a política de cerceamento dos espaços através de câmeras de vigilância, catracas e cartões de identificação. Afastando e segregando ainda mais o povo da universidade, tornando-a cada vez mais elitista, abandonando todo o principio da universidade servir a comunidade. Dessa forma a UFC tenta se envolver em uma bolha distante da sociedade, em uma falsa sensação de segurança.
Primeiramente é preciso frisar que não há nada que venha mudar a situação de problemas como esse imediatamente, todas as soluções tem que ser pensadas a médio-longo prazo. No entanto as proposições da atual reitoria vão na contramão do nosso entendimento. A segurança da UFC é terceirizada, sendo um trabalho precarizado que é estranho a universidade. É necessário, como na USP nesse ano, levantar a bandeira da efetivação dos trabalhadores terceirizados. Para que possamos debater com os seguranças cara a cara, como um corpo único da universidade e não termos que passar por intermediários.
A solução passa pela retomada e desenvolvimento dos espaços públicos
Para concluir, é preciso enfatizar, que as possíveis soluções para a segurança na Universidade é a iluminação, a ocupação e retomada dos espaços públicos. Se aceitarmos essa política de Estado de Sítio da Reitoria só aumentaremos a segregação do povo com a Universidade e criaremos lugares mais vazios, desocupados, portanto mais perigosos.
É importante assinalar também que a antiga política legalista de audiência pública do DCE-UFC (PSOL, PSTU, PCR) demonstrou mais uma vez completamente ineficiente, dessa vez nas esvaziadas “Jornadas pela Democracia da UFC”. Nesse atual período é necessário apostar na ação direta e na aliança trabalhadores-estudantes para resolvermos nossos problemas.
Entendemos que as políticas de audiência pública são o oposto do protagonismo e da ação direta estudantil, pois se dá dentro dos marcos da legalidade burguesa, fazendo do estudante um mero espectador a mercê das decisões de terceiros. Ela atrofia a capacidade de mobilização estudantil, dificultando uma participação ativa dos estudantes na luta por suas reivindicações.
Devido ao exposto é necessário convocarmos e construirmos com toda a universidade, professores, estudantes, servidores e trabalhadores terceirizados uma grande assembleia para discutirmos a política de segregação de Jesualdo e a construção de uma UFC para o povo, através do diálogo constante com a comunidade e a retomada dos espaços públicos.
PELA EFETIVAÇÃO DOS SEGURANÇAS E DEMAIS TRABALHADORES TERCEIRIZADOS-PRECARIZADOS AO CORPO DA UNIVERSIDADE!
PELA ILUMINAÇÃO E OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS DA UNIVERSIDADE!
CONTRA A POLÍTICA SEGREGACIONISTA DA REITORIA! ABAIXO O ESTADO DE SÍTIO!
NENHUMA ILUSÃO NAS AUDIÊNCIAS PÚBLICAS!
POR UMA ASSEMBLÉIA SINDICAL E ESTUDANTIL NA UFC!
VENHA CONSTRUIR O COLETIVO PEDAGOGIA EM LUTA E A RECC
(REDE ESTUDANTIL CLASSISTA E COMBATIVA)!
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